quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Kula Shaker

As bandas britânicas são historicamente conhecidas por reinventar estilos, agregar elementos de outros estilos e por fim criar algo novo, ou ao menos mais estilizado. Foi o que aconteceu com o rock de Chuck Berry, reestilizado e depois modificado por bandas como Beatles e Led Zeppelin, em seguida adicionando de elementos da maravilhosa, diga-se de passagem, música oriental, criando-se algo definitivamente novo.

O Kula Shaker, por ter surgido nos anos 80, mais de vinte anos depois dessa experimentação e criação, não pode ser considerada notável pelo mesmo mérito das bandas inglesas citadas acima, mas por outro tão brilhante quanto: apresentar esses elementos dos anos 60 e 70, muito bem executados, com muita inspiração - sem se utilizar de clichês ou tentar soar como uma banda de época. As influências estão todas lá, por sinal, muito bem assimiladas, numa roupagem mais moderna, que de quebra fez muita gente procurar tais referências e dar de cara com bandas notáveis como o Deep Purple e Uriah Heep, além de músicos como George Harrison e Bob Dylan. Fiquem com a notável Govinda de 1996 do fantástico album K.


domingo, 16 de janeiro de 2011

Carta ao pai

Não foi a toa que o blog foi aberto citando uma maravilhosa obra de Franz Kafka - A metamorfose. É uma obra fantástica de um autor que se achava um fracassado. Desde que ouvi falar da obra a primeira vez fiquei curioso em conhecer pra saber o que raios teria transformado um ser humano em um gigantesco inseto. Quando finalmente achei o livro, estava encadernado com mais duas obras dele: Um artista da fome - cujo, segundo a Wikipédia, o protagonista é um arquétipo de Kafka, um indivíduo marginalizado pela sociedade, tal qual o inseto Gregor Samsa, depois de perder o emprego. Algo me intrigava e me fascinava nestas duas obras de Kafka, mas só ao ler Carta ao pai, realmente pude entender a gama de sentimentos que faziam um genial escritor se sentir um inseto, um jejuador que definha até morrer sem que ninguém se importe. O livro é uma carta que nunca foi enviada para o pai de Kafka, em qual ele "discorre sobre sua relação conturbada com o pai, um comerciante judeu, autoritário e de personalidade forte, que sempre impôs aos filhos sua visão de mundo e que despertava em Kafka um conjunto de emoções conflitantes, do ódio pungente a mais profunda admiração." Essa relação já foi bem estudada pela psicologia pelo não menos notável Freud em Totem e tabu de 1913.